Sócios de clínica de reabilitação são suspeitos de colocar fogo em paciente e desovar corpo na BR-354, próximo a Lagoa Formosa

Segundo a Polícia Civil, a vítima teria sido morta em outro local e levada até as margens da rodovia. O crime aconteceu em agosto do ano passado.

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A Polícia Civil de Patos de Minas apresentou nesta manhã (17/04) o resultado da investigação sobre o corpo carbonizado encontrado as margens da BR-354 no município de Lagoa Formosa. O cadáver foi localizado por um caminhoneiro que trafegava pela via no dia 04 de agosto de 2017. A Polícia Militar registrou a ocorrência e repassou para a PC que iniciou as investigações. Na época o delegado, Dr. Érico Rodovalho, solicitou a colaboração da imprensa para identificar a vítima, haja vista que não havia documento de identificação junto ao corpo, que também estava parcialmente dilacerado, faltando os membros superiores e inferiores.

Na imagem o local onde o corpo foi localizado no ano passado. Na superior esquerda, os suspeitos. Davi César está foragido.

Após cerca de oito meses de apurações, a Polícia Civil apresentou dois suspeitos de terem cometido o homicídio. A vítima foi identificada como sendo Valmiro Mendes de Miranda de 49 anos, natural de Campina Verde e residente na cidade de Uberlândia. O homem era dependente de álcool e havia ficado internado por um determinado período em uma clínica de reabilitação no município de Patrocínio. Neste tempo, ele conheceu um dos suspeitos, Hugo Santos de Almeida de 31 anos, que disse possuir uma clínica que prestava o mesmo serviço.

A vítima Valmiro Mendes de Miranda tinha 49 anos e residia em Uberlândia.

Com o passar do tempo Valmiro teve uma leve melhora e voltou para a casa em Uberlândia. Como o alcoolismo é uma dependência de difícil recuperação, o senhor teve uma recaída e a família dele decidiu recorrer a Hugo Santos que no passado havia comentado sobre sua clínica. O homem foi até a residência da vítima, acompanhado por seu irmão, que também é apontado como suspeito, Davi César de Almeida de 35 anos. Eles conversaram com os parentes e disseram que iria oferecer o tratamento por um período de nove meses ao valor de 900,00 reais mensais. Como forma de pagamento, Hugo, pegou um automóvel e fez o “resgate” de Valmiro, o encaminhando até a cidade de Patos de Minas, onde está sediada a clínica denominada Peniel.

Os sócios chegaram a enviar fotos da estrutura. A família ficou seduzida e resolveu internar Valimiro no local. A Polícia Civil não chegou a confirmar se as imagens eram verídicas ou falsas. 

Naquele dia a família ligou várias vezes para Hugo para saber se Valmiro havia chegado bem até Patos de Minas. Eles conseguiram contato após horas e o sócio da clínica disse que tudo havia transcorrido como o planejado e que o paciente já estava nas dependências e iniciaria o tratamento.

No dia 08 de agosto, quatro dias após um corpo ser localizado em Lagoa Formosa, Hugo entrou em contato com os familiares de Valmiro e afirmou que iria para a cidade de Tupaciguara e que poderia levar o paciente para fazer uma visita. Animados, os parentes concordaram e aguardaram ansiosos para rever o senhor, porém a história mudou e uma contradição se evidenciou. No dia seguinte (08/08), o suspeito telefonou e disse que tinha passado em Catalão-MG e que Valmiro teria solicitado que estacionasse o carro e neste momento o paciente havia fugido. Para confirmar o álibi, um boletim de ocorrência foi lavrado junto a polícia do estado de Goiás que também fez dirigências.

Desesperados os familiares chegaram a efetuar depósitos para que Hugo continuasse a procura de Valmiro. Essa localização nunca aconteceu por parte dos suspeitos e uma desconfiança cresceu.

Os familiares então procuraram a Polícia de Patos de Minas e um exame de DNA foi feito com o material genético coletado de vários parentes. A partir daí veio a confirmação, o corpo encontrado na BR-354, era de Valmiro e as investigações ganharam curso e chegaram aos dois suspeitos.

Durante a apresentação, Hugo não quis falar e nem mostrou o rosto.
Foto: Lélis F. Souza (Triângulo Notícias)

Hugo Santos foi preso pela Polícia Militar no último dia 10 de abril em sua residência. Já Davi Cesar continua foragido e é procurado. A prisão é temporária, isto é, poderão permanecer na cadeia por 30 dias, porém a justiça pode transforma-la em prisão preventiva ampliando o prazo para até 6 meses.

O advogado, Dr. Alexandre Gonçalves, disse que não há provas.
Foto: Lélis F. Souza (Triângulo Notícias)

O advogado de defesa, Dr. Alexandre Gonçalves, esteve presente na coletiva de imprensa e disse que não há provas contra os suspeitos e que pedirá um Habeas Corpus a justiça. “É um caso simples e vamos conseguir a liberdade de Hugo” afirmou ele.

Em entrevista o delegado, Dr. Érico Rodavalho, afirmou que as apurações continuarão para descobrir a real motivação do crime. “A princípio o crime estaria ligado a obtenção de dinheiro, mas não podemos ter certeza, pois os suspeitos não se pronunciaram.” Hugo se nega a falar.

O inquérito possui centenas de páginas e foi caracterizado como “complexo” pelo delegado.
Foto: Lélis F. Souza (Triângulo Notícias)

A respeito da localização das demais parte do corpo o delegado disse que possivelmente foram dilaceradas e descartas em uma local desconhecido pela polícia.

Os Crimes Cometidos

A Polícia Civil indiciou os suspeitos por dois crimes previstos no Código Penal Brasileiro. São eles:

Art. 121. Matar alguém

Homicídio qualificado

§ 2° Se o homicídio é cometido:

I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

Pena: De 12 a 30 anos de prisão.

Art. 211 – Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele

Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.

A Clínica de Reabilitação

De acordo com a PC, a Clínica Piniel, localizada na zona rural de Patos de Minas, estava em fase de implementação na época do crime. Atualmente, ela atende outros pacientes.

Nossa equipe tenta conta com os responsáveis, afim de solicitar um posicionamento sobre o caso.

 

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