Momento crítico da pecuária leiteira pode impactar na economia regional

Um dos fatores que contribuem para a crise é a importação de leite de outros países.

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Vaca
Foto: Pixabay

O leite é um alimento básico, presente no dia a dia do brasileiro e consumido em sua forma original e também como produtos lácteos derivados como queijo, manteiga, requeijão, iogurte, coalhada e muito mais. Além de uma infinidade de deliciosas receitas que que o leite é utilizado como bolos, roscas, biscoitos e o nosso tradicional pão de queijo.

E para o Brasil, a cadeia produtiva do leite tem significativa relevância econômica e social, envolvendo milhões de produtores e funcionários em mais de 90% dos municípios brasileiros.

Segundo o último censo agropecuário do IBGE, Minas Gerais é o estado brasileiro com maior produção de leite, com cerca de 27% do total nacional, seguido pelo Paraná e Rio Grande do Sul.

E ainda conforme o IBGE, dentre os dez municípios com maior produção de leite no Brasil, sete estão em Minas Gerais, sendo cinco deles localizados na região Alto Paranaíba, o que lhe confere enorme importância como bacia leiteira.

Paralelamente a essa significativa produção de leite, muitas empresas do agronegócio investem pesadamente nesse segmento, trazendo inúmeros benefícios para a região, desde a geração de milhares de empregos, arrecadação de impostos e melhorando as condições socioeconômicas como um todo.

No entanto, o momento atual da pecuária de leite está bastante crítico e com isso, existe uma grande preocupação sobre o impacto negativo dessa crise no setor para a economia regional.

Por mais tecnificados e com elevados índices de eficiência os produtores de leite estejam, a situação em geral é bastante grave devido aos preços de leite recebidos por eles.

Nos últimos anos os produtores têm investido fortemente em tecnologia, em genética, em instalações, maquinários e no manejo do seu rebanho e o retorno financeiro desse capital é lento e acontece ano a ano, conforme o mercado.

No entanto, um dos aspectos da atividade leiteira é que o produtor não tem controle sobre os preços dos insumos utilizados na produção e muito menos no preço do leite pago pela indústria, que por sua vez depende do mercado nacional e internacional.

E um dos principais fatores que hoje interferem no preço pago aos produtores é a oferta desleal de leite importado, que está acontecendo atualmente no Brasil, de uma maneira muito danosa para o setor.

Para se ter uma ideia disso, o Brasil está prestes a bater o triste recorde de importação de leite, pois somente de janeiro a julho de 2023, o Brasil importou 158% a mais que o volume trazido no mesmo período do ano passado, segundo dados da Comex Stat. O estrago que essa importação faz no mercado interno é imensa: o volume total equivale a 1,2 bilhão de litros de leite que deixaram de ser captados no Brasil.

Segundo relatório mensal da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), os preços pagos aos produtores de leite em julho foram cerca de 2,2% mais baratos quando comparados com o mês anterior, e 1,6% menores que o mesmo período de 2022.

Portanto, essa realidade vivida pelo setor leiteiro no Brasil, em Minas Gerais e em nossa região poderá ter consequências desastrosas caso as autoridades responsáveis não tomem providências urgentes que coíbam essas importações desleais, vindas principalmente da Argentina e Uruguai.

O risco é que os produtores de leite não suportem essa situação e abandonem a atividade, o que pode gerar problemas sociais e econômicos para as regiões produtoras, como o Alto Paranaíba.

Caso essa crise afete na produção de leite, haverá uma menor oferta de leite no mercado e certamente isso impactará em aumento nos preços de venda aos consumidores.

Por tudo isso, se torna urgente que ações imediatas do governo federal em relação a essas importações de lácteos, pois os nossos bravos e incansáveis produtores de leite, que trabalham 365 anos por ano, faça sol ou faça chuva, não conseguirão resistir a essa crise e quem pagará essa conta será também o consumidor.

Esse texto é uma produção independente e não representa a opinião do Patos Notícias. A responsabilidade é integral do titular da coluna.

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BIOGRAFIA

Bené Romano

Bené Romano

Engenheiro agrônomo, formado pela UFLA - Universidade Federal de Lavras. Atua como consultor em agronegócio, sendo associado ao Escritório Araújo Fontes. Apresenta, de segunda a sexta-feira, o quadro "Agro em Foco" no Jornal da Manhã da Jovem Pan Patos.
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