Leite: preço pago ao produtor rural não acompanha aumento nos supermercados

Neste caso, perde o produtor que está tendo prejuízos devido a uma concorrência desleal e o consumidor que não está sendo beneficiado pelas importações.

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A pecuária leiteira está vivendo uma crise histórica devido principalmente, às importações de leite em pó de países do Mercosul, que estão sendo feitas há algum tempo, com a conivência do Governo Federal, em detrimento dos produtores brasileiros.

Somente no ano de 2023 essas importações aumentaram quase 70% em relação a 2022, chegando a 2,2 bilhões de litros. Somente em janeiro de 2024 foram importados 206 milhões de litros, alta de 36% em relação ao mesmo período de 2023.

Esse fato é bastante preocupante pois à medida que entra produto importado no mercado, a custos muito mais baratos que a produção interna, o setor do leite se enfraquece, produtores saem da atividade, empregos deixam de ser gerados, o comércio se enfraquece e toda uma cadeia produtiva tão importante perde força, gerando impactos sociais e econômicos muito negativos.

A pergunta que pode ser feita é: o Brasil importa leite porque não é autossuficiente? De maneira nenhuma, pois temos produção de leite suficiente para abastecer o mercado interno e até exportar.

A questão é que esse leite que está sendo importado, principalmente de países vizinhos como Argentina e Uruguai, recebe muitos mais subsídios governamentais que o brasileiro, o que faz com que essa concorrência seja desleal.

Vários países têm uma política protecionista, quando cria barreiras para que produtos importados não entrem e concorram com sua produção interna, e não é isso que está acontecendo.

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de leite, com mais de 34 bilhões de litros por ano, Minas Gerais é o primeiro produtor de leite do país e a região Alto Paranaíba, a maior bacia leiteira do estado. Temos aumentado significativamente nossa produtividade, investindo forte em genética, alimentação e manejo do gado, conforto animal e muito mais.

A cadeia produtiva tem uma importância enorme em todo Brasil, sendo responsável por 4 milhões de empregos diretos e 12 milhões de empregos indiretos, com produção de leite em 98,8% dos municípios brasileiros, tendo a predominância de pequenas e médias propriedades. Na região Alto Paranaíba essa abrangência chega a 100%.

À medida que entra leite mais barato vindo do exterior, a tendência é que o preço pago ao produtor seja menor e os preços para o consumidor também diminua, mas isso não é o que está acontecendo exatamente.

Segundo levantamento realizado por órgãos que pesquisam preços aos consumidores, o preço do leite vendido nos supermercados não diminuiu, ou seja, o impacto das importações está refletindo seriamente na atividade produtiva, mas o consumidor final não está sendo beneficiado.

Nesse caso, perde o produtor rural que está tendo prejuízos devido a uma concorrência desleal e o consumidor não está sendo beneficiado por essas importações totalmente prejudiciais à cadeia produtiva do leite.

O impacto do agronegócio vai muito além da redução de preços, pois existe uma dimensão social nesse processo, principalmente quando consideramos a importância por exemplo da cadeia produtiva de leite em determinadas regiões, como o Alto Paranaíba.

O Agronegócio tem cumprido seu importante papel de colocar comida em nossas mesas, em quantidade e qualidade, contribuindo significativamente para a segurança alimentar do país.

Ao encontrar inúmeros produtos lácteos disponíveis nas gôndolas dos supermercados, pouquíssimos consumidores se dão conta que para chegarem até ali, os produtores de leite trabalharam todos os dias, sem exceção, ordenharam as vacas pelo menos duas vezes ao dia, e toda uma complexa cadeia produtiva funciona desde antes da fazenda até o produto final chegar às prateleiras.

Finalizando, convido aos leitores a pensarem nisso, valorizarem todo esse trabalho feito lá no campo, e na medida do possível, prestigiar as agroindústrias locais, que geram empregos, renda e impostos em sua região.

Esse texto é uma produção independente e não representa a opinião do Patos Notícias. A responsabilidade é integral do titular da coluna.

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BIOGRAFIA

Bené Romano

Bené Romano

Engenheiro agrônomo, formado pela UFLA - Universidade Federal de Lavras. Atua como consultor em agronegócio, sendo associado ao Escritório Araújo Fontes. Apresenta, de segunda a sexta-feira, o quadro "Agro em Foco" no Jornal da Manhã da Jovem Pan Patos.

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8 Comentários
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Cunha Qual a margem de lucro deixada para indústri
25/03/2024 13:17

Silvair cunha

Cristina souza
24/03/2024 21:00

Nois trabalha todos os dias , não temos feriados e sim gastos ,tudo tá caro e leite preço lá embaixo , ração cara ,e esse infeliz presidente quer acabar com o agro , não é a favor do agro ,quero ver da onde vem a comida dele ,povo bobo ter votado nele ,vai faltar muita coisa na mesa dos brasileiros,porque não tem apoio nenhum do governo pra apoiar o produtor de leite o agricultor, estão todos desanimados com esse governo que é contra o agro ,sem contar que não vai gerar emprego,um homem desse não pensa não,que seria do pobre… Ler mais...

Alexander Fleming
Responder a  Cristina souza
26/03/2024 11:43

Prezado, talvez seja falta de conhecimento, mas vamos lá, neste milênio nenhum governo importou leite ou derivados, entretanto o mercado é livre e os empresários podem importar o que lhes interessar, como por exemplo derivados do leite, maquinas, tratores e outras centenas de insumos veterinários como sêmen, medicamentos, sementes e outros itens que muito contribuem com as atividades pecuaristas no Brasil. É fato, mas parece que o senhor faz questão de omitir a grande ajuda federal ao meio rural , prestada pela União com as diversas linhas de creditos com juros subsidiados e prazos avantajados, sem falar da nobre contribuição… Ler mais...

Cristina souza
24/03/2024 20:54

Enquanto nois recebe litro de leite a 2 reais ,nos supermercados é 4 5 reais ,pra que o presidente aceita tudo e não faz nada ,tudo pra chegar aqui no brasil é livre ,deixa um tentar entrar em outro país lá fora é maior burocracia

Alexander Fleming
Responder a  Cristina souza
26/03/2024 11:49

isso não é verdade. Veja a legislação de importações. Não se esqueça que tanto os produtores de leite como os importadores de derivados do leite são empresários do setor privado, livres para suas práticas comerciais. A competição é grande, e o custo de produção precisa ser competitivo e o produtor brasileiro está aquém de países como Uruguai, Argentina……

Eni ribeiro
24/03/2024 17:32

Quer saber do sofrimento na roça venha trabalhar um ano na roça que vc vai ver o que é sofrer!

Alexander Fleming
Responder a  Eni ribeiro
26/03/2024 11:51

Não precisa isso, o que falta ao produtor brasileiro levantar os olhos e buscar apoio no cooperativismo.

SORRIABEM
Responder a  Eni ribeiro
29/03/2024 22:49

Nos dias atuais não há muito sofrimentos como há alguns anos atrás, hoje é tudo mecanizado, não se pega pesado em quase nada, não quase nada manual e não existe enormes quantidades de funcionários para exercer tais funções. O que existe sim hoje é a ganancia pelo dinheiro e a obtenção de lucros exorbitantes

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