Fé e Política 'A opção preferencial pelos pobres: comunismo ou o centro do Evangelho?'

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Foto: Tânia Rêgo (Agência Brasil) – Arquivo

*Robson Leite

Lindo, profético e esclarecedor o discurso do Papa Francisco no final do mês de outubro do ano passado durante o Encontro Mundial dos Movimentos Populares. – “Terra, teto, trabalho. É estranho, mas quando falo sobre estas coisas, para alguns parece que o Papa é comunista. Não se entende que o amor pelos pobres está no centro do Evangelho”, disse o Papa em seu emocionante discurso.

Ele me recordou Dom Hélder Câmara: “Se dou comida aos pobres, eles me chamam de santo. Se pergunto por que os pobres não tem comida, eles me chamam de comunista”. Trago isso à reflexão, pois o Papa Francisco tem resgatado de forma muito clara essa dimensão que, além dos documentos da Doutrina Social da Igreja, está no centro do Evangelho: a opção preferencial pelos pobres.

A busca pela libertação do povo que sofre e é oprimido nos dias de hoje é mais do que importante, mas um compromisso de vida de todos os cristãos. A dignidade da pessoa humana é ferida em diversas dimensões no mundo, no Brasil, em nosso estado e em nossa cidade: o extermínio de jovens pobres negros, o desemprego juvenil, a falta de habitação digna e de qualidade, o desrespeito absurdo nas péssimas condições dos transportes públicos, o caos da saúde pública e outros graves problemas que afetam, sobretudo os mais pobres estão dentro dessa questão muito bem abordada pelo Papa. E quem rotula isso de comunismo não entende de história, de religião ou de política. Talvez até não entenda das três coisas. Dom Hélder Câmara, como lembrei acima, também foi criticado e adjetivado de comunista sempre que se colocava em defesa dos pobres, dos perseguidos e dos oprimidos. O mais triste disso tudo é que essas “ofensas” sempre estão inseridas em um contexto de desconexão da realidade social e dos problemas da sociedade em que vivemos hoje.

Ainda observamos, em pleno século XXI, muita gente afirmando que a pobreza é fruto da “preguiça” dos mais pobres ou, para piorar, fruto do acaso como a chuva, o calor ou as tempestades. Tristes afirmações alienantes que colocam os problemas sociais escondidos e dificultam a coletivização dos sonhos como instrumento para a solução efetiva dessas questões, como já observamos em diversas encíclicas da Igreja. Talvez a mais contundente seja a Centesimus Annus de 1991 de São João Paulo II, onde a importância do movimento sindical como forma de organização coletiva da classe trabalhadora é colocada como um fundamental instrumento de libertação.

Cabe ressaltar que esse lindo e importante discurso do Papa Francisco – que você poderá encontrá-lo na íntegra em minha pagina no facebook – não trás absolutamente nada de novo. Não precisamos ir muito longe buscando os documentos e Papas que citei acima para provar essa minha afirmação. Basta ler, por exemplo, o Evangelho de São Mateus, 25, 31-46 e ver, claramente, a opção incondicional e preferencial de Cristo pelos mais pequeninos: os mais pobres, os perseguidos e os oprimidos.


(*) Robson Leite é professor, escritor, membro da nossa paróquia, funcionário concursado da Petrobras e foi Deputado Estadual de 2011 a Janeiro de 2014.

robsonleite.com.br
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Esse texto é uma produção independente e não representa a opinião do Patos Notícias. A responsabilidade é integral do titular da coluna.

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BIOGRAFIA

Paulo Mota

Paulo Mota

É Técnico em Contabilidade e empresário, nascido em Taguatinga-DF, ex-líder comunitário no bairro Nova Floresta. Foi professor de contabilidade, nos Colégio Fonseca Rodrigues e na Escola Estadual Dona Guiomar de Melo, foi vice-prefeito de Patos de Minas, foi Secretário Municipal de Saúde e Secretário Municipal de Finanças e orçamento da prefeitura de Patos de Minas. Atualmente é secretário da Santa Casa de Misericórdia de Patos de Minas.

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